Eu imagino que você já ouviu várias vezes o termo “nota de corte”. Mas será que você realmente sabe o que ele significa?

Existem muitas nuances para explicar tal conceito e, por esse motivo, eu decidi escrever este texto detalhado sobre ele. Aqui você também entenderá o que não é nota de corte e conhecerá uma ferramenta para consultar as pontuações de corte da UnB.

Definindo nota de corte

Em qualquer processo seletivo, quando se utiliza a expressão “nota de corte” ela significa:

A definição é simples, mas tem dois detalhes fundamentais:

Desse modo, uma pergunta como “qual foi a nota de corte para psicologia” não faz sentido, pois ela está incompleta. O certo seria: “qual foi nota de corte para psicologia no sistema de concorrência X no ano Y?”

Perceba que esse sistema de concorrência sempre vai depender do estudante que está perguntando. Não adianta olhar a nota de corte de cota para pessoa com deficiência se você não tem direito a concorrer por meio dessa cota.

O que não é nota de corte

Muitas pessoas, porém, entendem nota de corte de um jeito equivocado. Elas pensam que nota de corte é a nota mínima para ser aprovado em um curso. Assim, se a nota de corte foi 105, por exemplo, elas pensam que estarão automaticamente aprovadas se tirarem uma nota maior do que 105.

O raciocínio não é esse. Quando falamos nota de corte, estamos utilizando um conceito que se refere a um processo seletivo passado: qual foi a menor nota que conseguiu a aprovação em determinado ano. Na época em que aconteceu o processo seletivo, o estudante aprovado com a nota de corte não sabia que ele seria a nota de corte. Ele nem tinha certeza se seria aprovado.

Dito isso, pode surgir uma dúvida: já que a nota de corte não é uma regra representando o mínimo para que algum estudante seja aprovado, qual a função de olhar para esse número?

Basicamente, nós olhamos para as notas de corte pois elas oferecem uma certa previsibilidade sobre o que esperar das notas em nosso processo seletivo. Não é uma regra, um número fixo. Porém, se a nota de corte para medicina no sistema universal esteve em torno de 160 durante os dois últimos subprogramas, faz sentido se planejar esperando pelo menos essa nota.

Entendendo a lógica da nota de corte

Um bom exemplo para pensar em nota de corte é o futebol brasileiro.

Você já ouviu falar que os times nas 4 melhores colocações se classificam para disputar a Copa Libertadores? Esse grupo, chamado de G4, é o quantitativo de vagas disponíveis.

É como se a libertadores fosse um curso na UnB e o campeonato brasileiro representasse o processo seletivo para entrar.

(Obs com um detalhe chato e nada a ver.: tecnicamente Botafogo e Bragantino disputam a pré-libertadores, mas como isso quebra o nosso exemplo, já que não existe um pré-faculdade, nós vamos fingir que eles só não foram classificados mesmo.)

Eu falei sobre a existência do G4, mas quem é atento ao futebol sabe que frequentemente nós temos G5 ou até mesmo G6. Nesses casos, significa que os 6 primeiros times se classificaram diretamente para a libertadores.

Ora, por que isso acontece? O campeonato foi bonzinho e decidiu liberar mais vagas?

Situações como essa ocorrem porque o campeonato brasileiro não é a única forma de classificar para a libertadores. Quem ganha a Copa do Brasil ou a Sul-americana também conquista uma vaga direta na libertadores. E é aí que temos o pulo do Pato: se dentro do G4 nós já temos um time classificado por meio de outro campeonato, a vaga desse time “roda” e outra equipe consegue a classificação para a libertadores. Veja esse exemplo:

No caso do PAS UnB, um fenômeno idêntico também pode acontecer! É por isso que podemos encontrar, por exemplo, um curso que tem 12 vagas em que o 16° candidato conseguiu a aprovação.

Inclusive, acredite em mim: é muito frequente que as vagas rodem!

Por que as vagas rodam?

No caso da libertadores, as vagas rodam porque aquele time já se classificou para o campeonato por meio de outro processo. Já na UnB, as vagas rodam porque algum dos candidatos aprovados não fez a matrícula relacionada ao PAS.

Exemplos:

Quando as vagas rodam? Entendendo as chamadas para a UnB

Já concluímos que as vagas rodam. Mas quando isso acontece? Para te explicar esse conceito, eu preciso falar sobre as chamadas para o PAS.

Basicamente, quando você escuta o termo “primeira chamada” significa a convocação de todos os candidatos aprovados diretamente para o curso – no caso do campeonato brasileiro, é o G4. Ou seja, se um curso tem tem 10 vagas para determinado sistema de concorrência, a primeira chamada faz a convocação dos 10 primeiros colocados.

Existe um período de matrículas e, depois de concluídas as matrículas da primeira chamada, são feitas as novas convocações – desde que vagas tenham sobrado.

Nesse sentido, embora as chamadas extras sejam muito frequentes, é válido destacar que elas não são uma regra: ora, se 10 pessoas assumiram as 10 vagas, não vai ter vaga sobrando pra rodar nas próximas chamadas.

Por outro lado, caso existam vagas ociosas, são feitas novas chamadas. Para certos cursos, em determinados sistemas de concorrência, já aconteceu até mesmo 6ª chamada.

Atenção ao edital:

As chamadas têm algumas datas divulgadas previamente pelo edital. Ainda assim, a comunicação não é muito ampla. É frequente não ficar sabendo que houve uma chamada. Desse modo, quando for a sua vez e você estiver aguardando novas chamadas, eu sugiro que você salve todas as datas em um calendário que te envie alertas. Além disso, vale ficar acompanhando as páginas oficiais da UnB e o site do Cebraspe.

Depois que um prazo de matrículas se encerra, não tem como recuperar sua vaga caso você não tenha feito a sua inscrição.

Atenção às novas chamadas

As datas das chamadas extras são fixas para todos os cursos em determinado processo seletivo. Em outras palavras, significa que todos os cursos e todos os campi fazem a convocação na mesma data. Inclusive, a divulgação é feita na mesma página na internet e no mesmo documento PDF.

Isso motiva uma dúvida: o que acontece se um curso, em determinado sistema de concorrência, não teve nova chamada nesse documento? Significa apenas que as respectivas vagas já foram totalmente preenchidas.

Por exemplo, pode haver uma segunda chamada para o curso de medicina no sistema universal, mas não ocorrer segunda chamada para medicina no sistema de cotas para negros. Caso isso aconteça, significa que as vagas das cotas para negros já foram completamente preenchidas na primeira chamada.

Abaixo eu preparei um resumo do que vimos até aqui:

Até quando ocorrem as chamadas extras para um semestre?

Eu falei que as chamadas extras ocorrem até que todas as vagas ociosas sejam preenchidas. A ideia é essa mesmo, mas há um limitante temporal. As chamadas extras não podem acontecer depois que 25% do semestre acadêmico já tiver ocorrido.

Por exemplo, imagine que estamos falando da chamadas para o primeiro semestre acadêmico do ano. Suponha que já tenha acontecido a quarta chamada e ainda existam vagas ociosas na turma. Nesse caso, a quinta chamada só poderá ocorrer se o semestre estiver no começo, com menos de 1/4 das aulas dadas.

E se o semestre já tiver passado de 25%? Nesse caso, as vagas que sobraram da turma daquele semestre realmente ficam ociosas. Não entra mais ninguém do PAS por elas. No entanto, não significa que aquelas vagas ficarão para sempre ociosas. Ao longo do curso, a universidade pode oferecer processos seletivos de transferência para que tais vagas sejam preenchidas.

Atenção: o PAS tem vagas para o primeiro e para o segundo semestre

Eu acredito que você já tenha entendido a lógica das chamadas. Se nós estivermos falando do Acesso Enem UnB ou do Vestibular, tudo o que você precisa saber já foi dito. No entanto, existe um detalhe a mais para o PAS.

Acontece que, diferente dos outros dois processos seletivos da UnB, o PAS tem vagas para o primeiro e para o segundo semestre acadêmico, o que modifica ligeiramente a lógica das chamadas para um curso.

Imagine: se no PAS um curso tem 10 vagas para um determinado sistema de concorrência em um semestre acadêmico, então quem ficar em 12° já está automaticamente aprovado – só que para o segundo semestre.

Afinal, se são 10 vagas para o primeiro semestre, temos igual número de vagas para o segundo semestre. Os 10 primeiros passam para o primeiro semestre. A partir do 11° a aprovação é para o segundo semestre acadêmico.

A lógica é bem simples nesse aspecto, mas devemos nos atentar a alguns detalhes do edital quando pensamos nas chamadas extras.

Imagine só: e se o 6° candidato não fizer a matrícula? Como que a vaga vai rodar?

Nesse caso, estamos com uma vaga sobrando, e ela vai para o 11° candidato. Ou seja, uma pessoa que já estava aprovada para o segundo semestre pode ser convocada para o primeiro!

Portanto: a lista roda convocando sempre por ordem de classificação. Acredito que as duas imagens abaixo vão te ajudar a entender melhor.

Inclusive, tendo em vista essa lógica de dois semestres acadêmicos (válida exclusivamente para o PAS) podemos adicionar um detalhe “Até quando ocorrem chamadas extras para um semestre”.

Basicamente, no segundo semestre acadêmico, pelo PAS, nós também podemos ter 1ª, 2ª, 3ª… até mesmo 6ª chamada. O detalhe é que o processo seletivo é o mesmo.

Assim, ainda trabalhando no exemplo do desenho acima, se a última chamada para o primeiro semestre convocou até o 7° candidato, então a primeira chamada do segundo semestre começa convocando a partir do 8° colocado.

E segue a lógica: as vagas vão rodando até serem preenchidas.

O problema das notas de corte fake

Beleza, entendemos a lógica das chamadas extras. Agora você sabe que, no exemplo das imagens acima, a nota de corte será a nota do candidato “Guga Fantasma”, pois ele foi o último candidato a ser aprovado para aquele curso em um determinado sistema de concorrência.

Certo, faz todo sentido.

O problema é que muitos locais, inclusive o Cebraspe, não divulgam a informação da maneira correta. Sério: eles soltam notas de corte considerando a nota do último candidato aprovado para o primeiro semestre, quando o certo seria divulgar, junto, a nota de corte do último aprovado para o segundo semestre.

A imagem abaixo, continuando os exemplos, ilustra a problemática:

E qual o problema de divulgarem notas de corte falsas?

Basicamente, isso pode fazer um estudante tomar decisões erradas!

É muito comum que alunos pesquisem por notas de corte para saber se eles têm chances de passar. Ao visualizar uma nota de corte fake (considerando apenas o primeiro semestre), muitos desistem do curso que desejavam. Afinal, parece que a nota de corte é bem maior do que na realidade.

Muitos alunos mudam a opção de curso por causa disso. Outros sequer terminam o subprograma quando olham pra uma nota de corte fake.

Veja que triste: existem pessoas que desistem dos seus sonhos por causa de informações falsas!

E por que o Cebraspe age assim? Por que as outras calculadoras escondem que não estão utilizando as notas de corte verdadeiras? Não faço ideia!

O importante é saber que o Guia utiliza sim as notas de corte verdadeiras. Nós trabalhamos muito para lançar a nossa calculadora de argumento final e simulador de aprovação e podemos garantir que entregamos informações confiáveis para os estudantes.

Utilizando as notas de corte para tomar boas decisões

Patinho, depois da explicação de tantos conceitos, acredito que você finalmente tenha entendido o essencial sobre nota de corte. Porém, eu entendo se você ainda sente que as ideias parecem um pouco abstratas. É por esse motivo que eu te convido a conhecer a nossa calculadora que simula notas do PAS e te permite ver as notas de corte anteriores. Para acessá-la, basta visitar a página calculadorapas.vercel.app.

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